Disparada da procura pela modalidade incomoda Ministério da Educação que ameaça fechar licenciaturas 100% on-line.
O Brasil tem hoje cerca de 5 milhões de alunos matriculados no Ensino à Distância (EaD). A modalidade passa por uma demanda crescente e ao mesmo tempo sofre uma pressão do Ministério da Educação – MEC.
O assunto foi debatido no primeiro módulo do Prodeese durante a conferência O Risco Político da EaD, proferida pelo Sócio Consultor da Hoper Educação e Doutor em Ciências Humanas, João Vianney.
Na apresentação Vianney fez uma retrospectiva histórica da implantação do EaD no país a partir de 1995, quando a modalidade foi lançada. De lá para cá, ocorreram avanços e o número de alunos ingressantes aumentou significativamente.
Em um período de 10 anos, entre 2012 e 2022, o ensino à distância superou o presencial no número de ingressantes, com crescimento marcante a partir de 2020, durante a pandemia da Covid-19. Dados de 2022 indicam que o país tem 65,18% no EaD contra 34,82% no ensino presencial.
A força da EaD não é vista com bons olhos pela atual gestão do MEC, principalmente porque o Censo da Educação mostrou declínio do ingresso de alunos nas universidades públicas. Somente nas instituições públicas federais, o número de calouros caiu 15,36%, pontua Vianney.
“Por que a universidade pública não atrai tanto mesmo sendo gratuita e de boa qualidade?” questiona Vianney. Porque ficou cara e o aluno não tem condições de trabalhar e estudar, explica.
O aluno tem o mesmo curso de engenharia civil por R$ 800 a 1,2 mil ou R$ 400 reais no EaD, pontua. A média de idade é dos ingressantes no EaD é 21 anos enquanto no presencial é 19.
Hoje o aluno do EaD é mais jovem, conectado, tem repertório digital e quer aplicabilidade. “O aluno quer do professor respostas melhores das disponíveis no aplicativo. E prefere estudar em vídeo”, frisa Vianney.
Riscos
Diante da escalada da modalidade à distância, o MEC tem colocado as seguintes questões: fechar todas as licenciaturas 100% online, proibir pedagogias e licenciatura e cursos da saúde na EaD, além de afirmar que cursos EaD não têm qualidade.
O MEC também tomou ações, tais como, emitir nota técnica com ‘pedido de informação’ para as IES com múltiplo acima de 500 alunos por professor na EaD.
Para Vianney, diante do cenário, há os seguintes riscos políticos:
Bloqueio regulatório
Discurso político-sindical ou político de conselhos contra a modalidade – efeito na opinião pública;
Volta de exigências processualísticas, em vínculo com desempenho em aprendizagem;
(Re) burocratização sobre estrutura e tutoria nos polos de apoio presencial;
(A mais grave) – termo de saneamento a partir de critérios criados em ‘notas técnicas’ ou ‘portarias’, em atos infralegais ultrapassando as exigências da Lei de Diretrizes e Bases - LDB e da Lei do SINAES.
Denise Paro
Jornalista
ATENÇÃO: Não é permitida a reprodução integral do conteúdo acima. A reprodução parcial é permitida apenas na forma de citação e com link para o conteúdo na íntegra. Plágio é crime (Lei 9610/98).
Comments