O Peer Instruction foi apresentado por Eric Mazur, professor de física do curso de engenharia da Universidade de Harvard. A expressão pode ser compreendida como instrução pelos pares ou instrução pelos colegas; a prática é comumente referenciada entre as metodologias ativas de aprendizagem.
Após um teste diferenciado, Mazur constatou que seus alunos se saiam muito bem na resolução de problemas com enunciados padrão, mas não conseguiam resolver questões textuais, sinalizando que não haviam compreendido os conceitos envolvidos nos problemas propostos. Buscando alternativas para ajudar os estudantes, casualmente descobriu que a explicação a partir do ponto de vista de um deles era mais eficaz que a sua, porque, ao contrário dos alunos, ele já não recordava quais haviam sido suas dificuldades nem como as havia superado. Além disso, a camaradagem e o clima de informalidade entre colegas pareciam facilitar a compreensão. Partindo dessas premissas, Mazur estruturou uma técnica, buscando envolver os alunos na própria aprendizagem e dirigir sua atenção para os conceitos subjacentes às fórmulas. Surgia o Peer Instruction; seus princípios são resumidos na figura a seguir.
Mazur e seu grupo relatam que a aplicação da técnica trouxe ganhos significativos na compreensão conceitual e na aquisição de habilidades para resolver problemas, comparativamente ao que os alunos adquiriam nas aulas tradicionais. Experimentos realizados por professores de outras instituições produziram resultados semelhantes. (Peer instruction - Colaborative Learning in Large Lectures).
O respaldo teórico do Peer Instruction está nos pilares da aprendizagem colaborativa, concepção teórico-metodológica presente na prática educacional contemporânea desde o início do século XX (Arends, 1995, apud Torres e Irala, 2014). Conforme Torres e Irala (2014), a aprendizagem colaborativa apoia-se em diferentes teorias e tendências pedagógicas, entre elas, a Epistemologia Genética de Piaget e a Teoria Sociocultural de Vygotsky.
Aprendizagem cooperativa algumas vezes é utilizada como sinônimo de aprendizagem colaborativa, mas não há consenso no meio acadêmico quanto a isso. Embora os significados dos termos cooperação e colaboração sejam semelhantes, as metodologias diferem em aspectos importantes, por exemplo, quanto ao nível de interferência do professor. Entre os pontos comuns a ambas, os principais são: 1) os indivíduos são ativos na construção do conhecimento; 2) o conhecimento é construído socialmente, na interação com o outro; 3) o professor é um facilitador.
Para o aluno, o Peer Instruction e outras abordagens colaborativas trazem efeitos que se ampliam para além do desempenho em determinado tema ou disciplina, pois estimulam o desenvolvimento do pensamento crítico, da expressão verbal e da capacidade de interagir com outros indivíduos.
Referências:
MAZUR, E. Peer instruction for active learning. Entrevista em vídeo. 2014. Disponível em: <http://serious-science.org/videos/1136> Acesso em 22 jun 2015.
TORRES, P. L. IRALA, E. A. F. Aprendizagem colaborativa: teoria e prática. Redes e conexões na produção do conhecimento. 2014. Disponível em: <http://www.agrinho.com.br/site/wp-content/uploads/2014/09/2_03_Aprendizagem-colaborativa.pdf >. Acesso em: 18 jun 2015.
Peer instruction – Colaborative learning in large lectures. Disponível em: <http://mazur.harvard.edu/research/detailspage.php?ed=1&rowid=8>. Acesso em: 22 jun 2015.
SANDRA RODRIGUES
Consultora Hoper Educação
EXPEDIENTE:
Revisão: Márcio Schünemann – Edição: Mariana Andrade – Diagramação: Laura Neves
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